XXXIVHá um rio poluído que corre sob os teus pés imóveis.Tu parada entre restos de sonhos e destroços humanos.Não há nada a fazer para avivar o rubor da flor esquecida.Flor vermelha de morte anunciada.É esta a conclusão do livro. Nesta página o meu pai escreveu a palavra fim. Sem surpresas o pano foi corrido e as luzes do teatro paternal foram progressivamente perdendo o brilho até a escuridão envolver todo o espaço que circunda os olhos.O quarto negro.Escolheste o teu túmulo. Foste um homem de sorte.Paz é a palavra ansiada pelos teus ouvidos podres de pai morto.Não mais direi o teu nome em vão.Em nome do Pai, do Filho , E da Dona Irfanha
XXXIIIHoje na escola aprendi a pontuação. O meu pai morreu, ponto final. A sua morte deixou-me um livro e reticências...
É importante o livro. Talvez porque o meu pai não o foi. Talvez por ser um ponto de interrogação escrito com os seus próprios dedos. Ou talvez pela conjugação destes dois pontos.
O último capítulo do meu pai fez-me pensar na minha mãe em lágrimas.
Último Aviso do Livro dos Avisos escritos de Pai para Filho.
Olhar para trás e não ver.
É esse o segredo para conseguir viver sem o grito da consciência a furar os tímpanos com lanças de culpa.
Não perguntes nada a um calendário inerte pois a inércia nunca será a resposta correcta, será apenas a resposta que procuras... porque nunca é fácil viver esmagado pelo peso de um elefante.
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