quarta-feira, dezembro 28, 2005

XXXI


Lisa: "Nem sempre as certezas são a base para algo seguro."

Ontem vi a beleza escrita na parede comum . Todo o meu corpo se rendeu à harmonia das curvas que aquelas letras transpiravam. O meu dedo mindinho estremeceu e, como que assaltado por uma vida que não a minha, percorreu os traços deixados na parede pela mão mais perfeita da divina perfeição. Rasto de tinta azul com lágrimas de choro vermelho. Segui-o. Estou certo que é isto o amor.. Uma mistura de beleza inverosímil de lágrimas, cor e perfeição.

O rasto conduziu-me a um caixote escuro, ao fundo de um beco de papel. Um beco com uma única saída... Imaginação.
Dentro do caixote estavam pedaços de alguém. És tu? perguntei hesitante... A resposta demorou o tempo de uma batida de coração acelerado. Não.. Não sou eu.. eu sou os restos de quem procuras.. devias ter chegado mais cedo... mais cedo.. antes da tua falta me ter criado.. antes do teu amor estar perdido para sempre na inutilidade destes dejectos..


A dor no peito.. arrancaram-me o coração, pensei. Já não preciso dele. Mas a dor... Intensa... As lágrimas a saírem-me dos olhos como balas... lágrimas vermelhas... caindo a meus pés. confundindo-se com o sangue da minha amada.. Trama... o seu nome.. doce Trama.. E por isso o beco era de papel.. Agachei-me e mergulhei o meu dedo mindinho no nosso amor: lágrimas e sangue...


Escrevi:
Beleza...

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