quarta-feira, setembro 28, 2005


XXII

Bati à porta. O sorriso que o meu pai tinha nos lábios não desapareceu quando eu apareci. Estás atrasado ,disse-me. E, num passo acelerado, trancou-se, sorridente, no quarto crescente.
Entrei em minha casa da mesma forma que se entra na casa de um estranho. Tudo estava igual, nenhum objecto se deslocara um centímetro durante o tempo em que estive fora, no entanto tudo me parecia diferente. São os teus olhos, Walter, disse Lisa enquanto se aproximava, és tu que estás diferente e vês as coisas com essa diferença que mora em ti. Lisa, és mesmo tu?? Oh Lisa, Lisa! Que saudades! Sabes Lisa? Eu chorei !! Sim!! E fiquei triste!! E vi uma Sereia! E um Bêbado! E uma Velha! E vi um dia preto! E a aldeia chorosa! Vi o mundo, Lisa! Vi o mundo! Viste um mundo que não era o teu.
Ontem, no teu mundo O teu pai matou uma pessoa. Ontem, no teu mundo, o teu pai concretizou um desejo antigo. O teu pai matou uma pessoa e foi feliz. Matou por amor! Matou por egoísmo! Matou quem amava por amor profundo, que é o egoísmo elevado ao extremo de um abismo infinito.
Oh não!! Mamã?!

Não Walter.

A Senhora Diana Tápu morreu.
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