terça-feira, setembro 13, 2005


XVIII

Agora sou obrigado a crescer! Mesmo que já não me apetecesse ser uma pessoa crescida teria de o ser obrigatoriamente. Eu estou perdido na floresta. Não sei voltar atrás e ser menino outra vez na minha aldeia. Não tenho a minha amiga a meu lado para me garantir que sou o mesmo! Que os centímetros não passam por mim como passa o tempo! Mede-me Lisa! Mede-me as memórias para saber o quanto de ti perdi no tempo que separa a minha casa do pedaço de chão onde apoio os pés. Quanto de mim se perdeu com o que se perdeu de ti na minha memória? Acredito que seja muito. Acredito que tenha pouco daquilo que um dia fui. E tu Lisa? Quem eras tu? Uma régua? Ridículo!! As réguas não são coisas vivas! Pois não? As coisas vivas vivem em florestas e eu nunca vi uma régua nesta floresta de perdição...
A inverosimilhança da minha infância cai sobre mim como um pesado elefante cinzento! Cinzento ouviram? Não de outra cor qualquer porque não existem elefantes de mais nenhuma cor! Só o cinzento e sua monotonia. Ser crescido é estabelecer fronteiras à imaginação!! É aceitar a imaginação como um trabalho! É aceitar tudo como um trabalho! E um trabalho é uma coisa chata que, de vez em quando, tem de ser feita!! E ter de fazer algo é estar a ser forçado... Foi por isso que eu saí da minha aldeia não foi, meu dEUS?

Não é o lugar onde assentamos os pés, que nos transforma naquilo que iremos ser.

É a amplitude dos nossos passos.

Vou voltar para a minha aldeia... mas primeiro tenho que encontrar o caminho.
O meu caminho.
Counter
Counter